domingo, 14 de fevereiro de 2010

Capitulo 6 – Adeus.

- Vamos embora daqui. Aproximei – me e a segurei pelo braço.

- Não! Com indignação Hanna protestou. – O que foi desta vez?

- Hanna, agora. Minha voz estava determinada e irritadíssima.

- Isso não é justo, eu não fiz nada. Sua face estampava todo seu espanto.

- Não vou falar outra vez Hanna. Puxei – a pelo braço e segui em direção a porta de entrada da casa.

Hanna me seguiu sem entender a razão de minha irritação, porem sabia que o momento não lhe permitiria outra opção, ela estava sob meus cuidados, protestar não mudaria minha decisão.

Seguimos a passos largos para o jardim da casa. O curto percurso não foi suficiente para amenizar minha impaciência. Do meu lado, Hanna respirou fundo para controlar – se enquanto meus movimentos pareciam irritar – la ainda mais. Em pouquíssimos minutos cruzamos o portão e seguimos para o velho Jeep.

Mesmo tomado pela chama que percorria meu corpo, aproximei – me do veiculo e adiantei – me para abrir a porta do passageiro para Hanna.

- Obrigada pelo cavalheirismo. Hanna estava incrédula com meu ato, perante tamanha irritação.

Sem dizer uma só palavra, fechei a porta do passageiro sem desviar o olhar de meu ponto imaginário. Entrei no Jeep e permaneci estático com as mão no volante. Lutava contra aquele sentimento, mas parecia impossível combater a emoção que me consumia por dentro, aquele não era o Christian que eu conhecia.

- Tá tudo bem, agora chega! Com imensa determinação Hanna assumiu o controle da situação.
- Christian, eu falei chega, você está me escutando? Vendo que suas palavras não haviam surtido efeito, Hanna sacudiu meus ombros para que eu acordasse do transe.

Lentamente acordei do transe com suas últimas palavras ressoando em minha mente. Olhei para Hanna, por mais que relutasse, não conseguia conter as sensações dentro de meu peito.

- Ah não... O que foi Christian? Hanna custava a crer no que via, em toda sua vida, nunca me vira em tal situação.

- Sinto muito, mas não posso explicar o que não consigo entender. Instintivamente tirei meu amuleto da camisa e segurei - o com força, contra meus dedos.

***

O abraço estendeu – se por longos minutos, todos meus sonhos pareciam estar prestes a realizar – se. Daniel desejava que aquele momento perdurasse por mais tempo, enquanto minha mente projetava o inicio do nosso sucesso.

- Hey guys, me digam que a Nanda tá louca. Incrédulo Philip aproximou – se empolgado.

- Inacreditável, não é mesmo? Respondendo com leve irritação, Daniel relaxou os braços do meu entorno.

“Obrigada Phil, já estava com falta de ar” Libertei – me do abraço enchi os pulmões e respirei fundo.

- It’s amazing! Philip não parava de exclamar suas expressões radiantes.

O rastro de uma doce fragrância alcançou meu olfato, rapidamente minha mente reconheceu o aroma do príncipe de meus sonhos. Sem hesitar, virei a cabeça na direção da fragrância e visualizei um vulto saindo da pista de dança.

- Gente eu já volto, preciso ir ao banheiro. Com um leve desespero, lutei para vencer a aglomeração das pessoas, após empurrões e tropeços saí do ambiente.
Já no jardim, olhei ao meu entorno e visualizei algumas poucas pessoas conversando descontraídas, certamente nenhuma delas seria o vulto que como um raio acabara de passar pelo jardim. Entretanto, a doce fragrância pairava pelo ar. Desolada, apenas fechei os olhos e recordei a imagem escultural.

- Laura, Você está bem? Abri os olhos me deparando com Vini a minha frente.

- Ah está tudo bem Vini. Desde o inicio da festa, não tínhamos nos falados, certamente Vini esteve me procurando para conversamos, mas a aproximação das pessoas, não lhe permitiu fazer isso antes, somente agora, conseguimos nos encontrar.

- Você parece assustada, esta tudo bem mesmo? Vini ficou preocupado com meu sobressalto ao vê - lo.

- Assustada? Perguntei atônica. É que... tudo isso... acontecendo... foi muito bom, eu adorei. Respondendo a minha própria pergunta, sorri lembrando cada momento.

- Ah Laurinha, você estava maravilhosa, parabéns, tenho muito orgulho de você maninha. Nos envolvemos em um abraço longo e caloroso.

- Ali estão eles. Por cima dos ombros de Vini, visualizei Daniel com o dedo indicador, apontado em nossa direção.

- Laura, você quer me matar do coração? Nanda estava agitadíssima. Você sumiu, onde você estava?

- Será que eu posso falar com meu irmão pelo menos por alguns minutos? Revirei os olhos com perplexidade.

- Pronto agora você já falou com ele. Nanda agarrou meu braço, começando a me puxar.

- Tá, mas posso saber pra onde você está me puxando? Meu rosto passou de perplexo para assustado, não entendia sua afobação.

- O produtor quer nos conhecer pessoalmente e já perdemos muito tempo te procurando! Para Nanda, isto era a coisa mais óbvia que eu deveria pensar.
- Então era isso mesmo? Estava estarrecida com a confirmação de nossas expectativas anteriores.

- Gente, o produtor quer conhecer a gente! Nanda estava alucinada e irritada com os segundos que passavam na conversação. – Vamos logo, cada minuto é precioso, ele não tem a noite inteira.

- Vini eu já volto. Já alguns passos de distância, olhei para trás, dirigindo – me ao meu irmão, enquanto Nanda arrastava meu braço apressadamente.

- Isso que dá ter uma irmã celebridade. Quase gritando para que eu o ouvisse, Vini exclamou com alegria. – Ah e boa sorte.

Mais uma vez, não foi fácil passar pela multidão, o escritório estava localizado em outra parte da casa, sendo que para chegar lá, passamos novamente espremidos por entre as aglomerações. Entramos no escritório parecendo que tínhamos percorrido uma maratona, sentado em um poltrona, um homem de meia idade, estatura média, cabelos escuros e olhos instigantes, já nos aguardava.

- Então vocês são a Scarlet? Muito prazer em conhecer. A propósito, Scarlet é um ótimo nome para uma banda. Enquanto falava, seus olhos nos avaliavam incessantemente. - Ah, deixe – me apresentar, sou Marcelo Aguiar, produtor musical da “New generation”.

- Assisti o show e pude perceber a qualidade musical da banda, certamente com alguns ajustes, em pouco tempo a banda estará pronta para as paradas de sucessos. A poltrona girava de um lado para outro, com o movimento de seu corpo. Suas últimas palavras soaram como sinos em nossos ouvidos, não tínhamos idéia do potencial que possuíamos.

- Você Daniel! Sabe cativar o publico e tem ótima presença de palco, você Philip, possui técnica e segurança, você Nanda, presença marcante e atitude inconfundível, mesmo atrás da bateria, e você Laura, afinação e delicadeza extraordinárias. Fiquei pasma com a avaliação.

- Vocês possuem características fundamentais para uma banda, mais o que no Show Business chamamos de “rostinhos perfeitos”. Certamente isso fará toda diferença no marketing e propulsão da banda.

“Isso é ridículo” “Quero ser reconhecida pelo meu talento e não por minha beleza”. Estava indignada com o que acabara de ouvir, não podia acreditar naquele discurso hipócrita. As frases de protesto formadas em minha garganta, estavam prestes a serem declaras, quando achei melhor ponderar, por respeito ao pai de Nanda, nosso grande incentivador.

- Enfim, hoje foi apenas uma visita rápida, minha agenda está lotada para as próximas semanas, mas assim que surgir um espaço, entrarei em contato com o Sr. Fred Schmidt, para definirmos um possível contrato.

Após a saída do produtor, seguimos para a grande sala principal, no relógio os ponteiros indicavam poucos minutos para meia – noite, a valsa estava prestes a começar. Na sala todos aguardavam pelo grande momento. Juntamos - nos aos demais convidados, enquanto o pai da debutante seguiu para o centro do circulo.

- Senhoras e senhores, é com imensa felicidade que convido todos a participarem do baile de minha filha Flávia Schmidt. O homem alto e robusto estava firme em sua posição, enquanto suas palavras saiam carregadas de orgulho e alegria.

Todos os olhares voltaram – se para o topo da escadaria, onde Flávia surgia com outro lindo vestido rosa, este por sua vez, longo e grapeado. Delicadamente Flávia desceu a escadaria enquanto a valsa começava a soar no ambiente. No pé da escada, seu pai a segurou pela mão e os dois iniciaram a dança. Por alguns minutos pai e filha dançaram sozinhos pela sala, gradativamente casais entravam na valsa.

- Me concede o prazer desta dança, senhorita? Um pedido formal me foi direcionado, Daniel segurou minha mão e reclinou – se levemente, com postura digna de um cavalheiro.

- E por que não, meu caro cavalheiro? Com o mesmo tom majestoso, concedi o desejo do nobre cavalheiro.

Ao nosso lado, Philip repetiu o gesto, direcionando – se a Nanda, que também aceitou o convite do amigo.
A valsa prosseguiu até que a sala ficasse tomada de casais que se moviam lentamente de um lado para outro, com postura adequada para a dança.

Deixei – me levar de um lado para outro, no compasso das notas musicais. Sentia – me confortável nos braços de meu par, ele não era o “mocinho” dos meus sonhos, mas era afetuoso o bastante para eu curtir o momento.

Lentamente a valsa foi acabando e os casais se dispersando. Daniel não sentia necessidade, muito menos vontade de desfazer o par, se cada momento comigo era especial, aqueles minutos certamente seriam preciosos.

Inevitavelmente a valsa ia acabando, as últimas notas da valsa soaram, abri meus olhos, deparando – me com seu rosto perfeito. Os olhos azuis piscaram diante dos meus, sua face mudou de delírio para angustia, mas em poucos segundos se recompôs em um meio sorriso.

- Você está com uma expressão exausta. Ele afagou meu rosto com a mão livre, sem soltar a outra de minha cintura.

- É realmente estou. Pousei a costas de minha mão em minha testa e inclinei levemente a cabeça para trás em um frenesi. – Esta vida de “Pop Star” é extremamente desgastante.

- Deus, daí humildade para esta pessoa, pois ela não sabe o que diz. Daniel olhou para o lustre como se a luz fosse o próprio Deus.

- Também estou exausta. Cadê a água de coco e os “m&ms” vermelhos? Nanda cruzou os braços e retraiu os lábios ironizando.

- Oh, my gosh, nobody deserves! A exclamação de Philip quebrou nosso teatro e caímos na gargalhada.

Estávamos sozinhos na sala, todos os demais estavam na sala ao lado, onde os parabéns pra você era nitidamente audível. Seguimos para aglomeração que se formava próximo a mesa do bolo, aproveitando os últimos momentos da festa.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Capitulo 5 – Desencontro.

Do lado de fora da casa, pessoas aglomeravam – se na varanda diante do palco, aguardando pelo inicio do show. As borboletas em meu estomago lutavam por espaço, minhas pernas tremiam e minhas mãos suavam. Enquanto caminhava para o palco, senti a agitação e vibração da platéia. Subi no palco, rezando para que minha voz não falhasse.

- Boa noite, eu sou Laura Boaventura, vocalista, e estes são meus amigos e companheiros de banda, Philip Veras no baixo, Fernanda Schmidt na bateria e Daniel Paes Leme na guitarra, apresento – lhes Scarlet. Apresentei desnecessariamente cada membro, já que éramos conhecidos por todos do colégio terminando a introdução com o nome da banda.

De trás da bateria, Nanda tocou uma baqueta na outra e iniciou a contagem, a primeira nota da bateria soou e multiplicou – se no ambiente, então o show começou para delírio da platéia.

***

Garçons passavam de um lado para outro, servindo refrigerantes, energéticos e sucos à vontade. O ambiente estava apinhado de convidados, sentia – me sufocado, precisava de um lugar mais arejado, presumi que a parte externa estaria mais tranqüila.

Olhei para os lados e Hanna não estava mais ao alcance de meus olhos, não queria bancar o primo “super – protetor”, mas era responsável por ela, não iria sufoca – la, apenas manter – me próximo e ter os olhos em vigília não faria mal algum. Servi – me de um suco, antes de sair à procura de Hanna.

Segui por entre a movimentação de pessoas, e ao cruzar a porta, captei um leve som decorrente da parte exterior da casa, a harmonia era agradável e a afinação fascinante. Tomado pela melodia segui na direção daquela musica.

Caminhei até um lado da varanda, onde pessoas aglomeradas pulavam e gritavam animadamente. Gradualmente o som tornou – se mais audível, me aproximei ao palco e visualizei a banda geradora da harmonia.

Esta era a “tal” banda da irmã da aniversariante, mas quem seria a irmã de Flavia? Com esta súbita pergunta em mente, olhei cada integrante da banda a fim de identifica – los. O baixo e a guitarra eram ocupadas por dois garotos, a bateria por uma garota que se fazia visível por conta do cabelo vermelho fluorescente, com a face igualmente delicada como a de Flávia, então olhei para a ultima integrante, detentora da voz mais aveludada e afinada que escutara na vida.

Focalizei aquela garota de pele clara e cabelos castanhos, loiro nas pontas, focalizei diretamente aqueles olhos cor de mel e foi então que entrei em estado de choque. Queria me mexer e mais do que isso, precisava me afastar, mas meu corpo não respondia as minhas necessidades, sentia – me petrificado e hipnotizado pela luz intensa daquela garota.

***

Os ensaios foram mais que suficientes, a Scarlet fazia um show digno de profissionais, cada um de nós mostrava suas habilidades em seu instrumento. Além da minha guitarra, também impunha minha voz com afinação.

As pessoas a nossa frente acompanhavam cada musica, achava tudo aquilo maravilhoso, sentia o inicio do sucesso em cada batida, já imaginava a Scarlet fazendo show para uma platéia gigantesca.

Em cima do palco nada distraia minha atenção, sentia cada nota e cantava com total concentração, então uma sensação de êxtase tomou meu corpo, senti - o arrepiar, minhas pernas bambearam, tudo a minha volta pareceu lento demais para a velocidade de minha mente, cada nota soava milésimos de segundos mais lentas que o normal.

Por um momento pensei que estava sendo tomada pela hesitação da platéia, mas não, não era a emoção pela apresentação, mas a mesma sensação daqueles olhos me observando e desta vez senti o olhar de seu possuidor muito próximo.

Abri os olhos e investiguei cada pessoa ao meu redor, o temor subia por minhas pernas involuntariamente. Segurei com força minha guitarra para que ela não pendesse ao chão, captei cada olhar como em uma seqüência de varias fotografias, eis que meus olhos deparam – se com o olhar mais penetrante de toda minha vida.

Ali estava ele, com os cabelos jogados para trás, seu porte físico e estatura impunham sua beleza e força, a doce fragrância era perceptível mesmo a distancia, mas aqueles intensos olhos verdes era tudo de mais profundo que sentira, deixavam – me em transe.

Estava desmoronado, mas não podia, não neste momento tão especial, queria correr, mas me sentia acorrentada à aquilo que sempre sonhei, estar naquele palco era tudo que mais queria.

“Isso é loucura, só pode ser”. Fechei os olhos novamente, “preciso me concentrar, não vou colocar tudo a perder”, neste momento uma força súbita e inexplicável regenerou meu corpo e mente, quando abri meus olhos, ele não estava mais lá.

***

Com dificuldade quebrei o transe e segui pelo caminho de volta, agora diferentemente do momento de hipnose, meus movimentos eram rápidos, meu corpo respondia aos meus comandos com rapidez absurda, meu batimento cardíaco era alucinante e audível em minha jugular e em meus pulsos cerrados.

Sem pensar, percorri os ambientes da festa, em pouco tempo estava no jardim de entrada da casa, ali o ar parecia mais constante dos demais ambientes, ainda ofegante, respirei fundo e pouco a pouco minha respiração, movimentos e músculos tornaram – se mais amenos.

“Hanna, preciso encontra - la” Com os sentimentos recobertos, lembrei o que pretendia fazer antes de cruzar aquela porta e surpreender – me com o acontecimento.

***

Tudo aconteceu rapidamente, rápido o bastante para que ninguém percebesse uma pequena falha se quer, nem mesmo meus amigos de banda foram capazes de perceber algo anormal em meu comportamento.

O show prosseguiu normalmente, mantive o controle da situação graças a meu incrível poder de concentração, poder este que eu desconhecia até então. A Scarlet tocou a ultima musica e dentro de mim, sentia um emaranhado de sentimentos, por um lado o mérito do sucesso, do outro a angustia tomava meu peito.

A platéia vibrou com o encerramento do show, nos despedimos do publico calorosamente e com imensa satisfação saímos do palco.

Em minha mente ficou gravada aquela imagem, simplesmente não conseguia apagar, só pensava naquele príncipe parado a minha frente. A calça jeans básica e a camisa branca, em seu porte físico, eram perfeitas para o deus grego que exalava uma beleza pura e límpida.

Estava mergulhada naquela divindade que a natureza criara, quando a imagem começou a desaparecer gradativamente diante de meus olhos, alguém estava sacudindo meu ombro. Abri os olhos e a minha frente focalizei Daniel.

- Laura o show foi maravilhoso. Daniel me puxou para mais perto e me deixei levar pelo abraço. - Você foi maravilhosa. Daniel sussurrou em meu ouvido enquanto me enlaçava em seus braços.

- Ah foi legal. Ainda estava anestesiada, olhei ao entorno e não me lembrava como chegara até ali.

- Fala sério Laura, você deve estar dormindo. Nanda me lançou um olhar cintilante. – O show foi estupendo.

- Ah você foi d+ Nanda. Desvencilhei – me de Daniel e a abracei carinhosamente.

- Você viu a vibração da galera? Philip estava radiante, seu sorriso expressava toda sua exultação.

- Ah você também foi d+ Phil. Repeti o gesto anterior e abracei Philip.

- De - li - ran - te! Busquei uma palavra que definisse todos meus sentimentos, respirei fundo e pronunciei em tom musical.

- Agora é hora da diversão querida. Mal tinha recuperado o ar dos abraços, quando Daniel pegou minha mão e abriu caminho rumo à pista de dança.

O percurso até a parte interior da casa parecia impossível de ser cruzado, agora, as pessoas que assistiram ao show, nos cercavam gritando enlouquecidas. Daniel era puxado de um lado para outros pelas garotas mais ousadas, seu rosto estampava um sorriso de divertimento enquanto ele dizia: - Calma garotas, eu sou de todas vocês.

Aproveitei – me da popularidade de Daniel, seguindo em seu vácuo, mesmo assim alguns puxões foram inevitáveis, e para meu espanto, o coro de meu nome também não. Logo as nossas costas, Fernando e Philip seguiam com a mesma popularidade.

“Meu Deus, nos somos a Scarlet e não a Paramore”. Pensei em meio às aclamações e puxões.

Com muito custo entramos na pista de dança, logo atrás a aglomeração de pessoas abarrotou o ambiente, pouco a pouco a multidão se dispersou na grande pista de dança.

A musica no ambiente mudou de eletrônico para Flash back, as luzes coloridas giravam na pista, a fumaça intensificou – se pelo salão, a musica encheu o ambiente elevando a agitação das pessoas.

Dançávamos próximos uns ao outros, constantemente pessoas chegavam para dançar conosco, uns desejavam nossa amizade, mas a grande maioria desejava a popularidade que nossa companhia proporcionaria.

- Gente eu já volto. Nanda levantou a voz para se fazer ouvir.

- O quê? Gesticulei informando que não tinha entendido.

- Eu já volto. Desta vez Nanda falou em meu ouvido para que eu escutasse.

- Aonde você vai? Repeti seu gesto e perguntei em seu ouvido.

- Meu pai está me chamando. Ainda em meu ouvido, Nanda completou. – Parece que um produtor está interessado na Scarlet.

- Então ele assistiu o show? Perguntei com vivacidade.

- Eu não sei, não entendi muito bem, preciso ir até lá para ter certeza. Sua agitação era evidente só pela agitação de suas mãos e expressões faciais.

- Tomara que seja isso mesmo. Também estava muito empolga com a novidade.

- Vou lá ver se é isso mesmo! Nanda seguiu em meio a multidão, para certificar – se.

- Daniel, eu não consigo nem imaginar isso que a Nanda falou agora. Estava perplexa.

- Então comece a acreditar, parece que é isso mesmo. Não menos empolgado ele fitou meus olhos e me segurou pelos ombros. Deixei – me levar pela imensa felicidade e cai em seus braços.

***

Averigüei todos os ambientes e não encontrei Hanna em nenhum deles, segui então para última opção, a pista de dança. Entrei no ambiente recebendo os flashes de luzes dançantes, não seria uma tarefa fácil encontrar alguém em meio à coreografia das luzes, diante de meus olhos, as imagens eram constantemente modificadas.

No emaranhados de luzes, pessoas e imagens, tentei reconhecer cada face. “Ela só pode estar aqui, onde mais estaria?”, perguntei - me um tanto quanto irritado com o sumiço de Hanna, além do mais odiava aquele ambiente.

Enquanto caminhava, a música no ambiente mudou, as luzes acompanharam a intensidade das batidas, neste momento captei a imagem de um vestido azul e logo a imagem se apagou. O vestido azul era o de Hanna, ali estava ela, a alguns metros de distancia a frente.

A distancia que nos separava era pequena, mas a resistência das pessoas não. Lenta e custosamente, furei a barreira humana, foi então que meus olhos deparam – se com a imagem mais chocante da noite. Ali estava ela, nos braços do “playboyzinho”.

Desesperadamente segui na direção de Hanna. Minha irritação era tamanha que enquanto passava, deixava para trás cotoveladas e empurrões, sem me importar com os murmúrios de repreensão. Não poderia admitir aquela situação, não olhei novamente, sabia dentro de meu íntimo que não sustentaria novamente aquela imagem.